30 março 2014

ST


"O silêncio que sai do som da chuva espalha-se,

num crescendo de monotonia cinzenta,

pela rua estreita que fito.

Estou dormindo desperto,

de pé contra a vidraça,

a que me encosto como a tudo.

Procuro em mim que sensações são

as que tenho perante este cair esfiado

de água sombriamente luminosa

que [se] destaca das fachadas sujas e,

ainda mais, das janelas abertas.

E não sei o que sinto,

não sei o que quero sentir,

não sei o que penso nem o que sou..."


Fernando Pessoa - in "O Livro do Desassossego"

Sem comentários:

Enviar um comentário