25 abril 2009

25 DE ABRIL

Às 22h45m do dia 24 de Abril de 1974 é transmitida a canção " E Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luis Filipe Costa. Este foi o 1º sinal (senha) préviamente combinado pelos golpistas e que desencadeou a tomada de posições da 1ª fase do golpe de estado que se seguiu.



O 2º sinal, foi às 0H e 22M do dia 25 de Abril de 1974, quando foi transmitida a canção "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirmou o golpe e marcou o início das operações.

7 comentários:

  1. Excelente mensagem ainda agora estive a ver o filme que passou na SIC e a recordar pois pouco depois do 25 Abril nesse mesmo ano fui eu cumprir o meu serviço Militar, velhas recordações lembradas.Bjs

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  2. Céu
    Não sei o que para si esta data representou,mas dela pelo menos sobrou a oportunidade de podermos emitir nossa opinião!
    Beijinho e bom fim de semana
    Marie

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  3. Hoje dia 25 de Abril vou deixar aqui o meu testemunho:

    O meu pai trabalhava na VA como tu sabes, foi um grande profissional e era muito inteligente. Lia muito, em matemática e português era uma "barra" e só tinha a antiga 3ª. Classe. Eu com 5 anos já escrevia o meu nome, conhecia os números e sabia muitas coisas, porque ainda era filha única.
    Era meio-dia desse fatídico dia o apito da fábrica tocou a minha mãe dirigia uma loja com os meus avós maternos, (que também vendiam louça) mas que davam almoço a mais de vinte trabalhadores da fábrica. Eu estava sentadinha à espera do meu pai na cozinha no topo de uma mesita onde ele comia com mais 3 colegas. Ele entrou muito triste, quase nem olhou para mim nem me fez a festa que costumava fazer. Levou a minha mãe para o quarto, e estiveram, lá fechados, algum tempo. Eu não entendia nada.
    Saíram os dois com os olhos de quem tinham estado a chorar.
    Ele não comeu, disse que não tinha grande fome, ela serviu os clientes com um olhar que eu desconhecia nela, perguntavam-lhe estás triste mulher? Ela abanava a cabeça a dizer que não.
    Os funcionários da ex-Pide que aguardavam por ele na fábrica tinham-lhe transmitido para ele ir a casa, não contar nada a ninguém, que levasse alguma roupa, que dissesse à mulher que se calasse e que apenas ia para um interrogatório.
    Ele chamou-me ao quarto e à minha mãe beijou-nos com lágrimas nos olhos e saiu, (apenas deixou que a minha mãe servisse os clientes, que só pagavam no fim de cada quinzena, quando recebiam).
    À noite não voltou e eu não entendi nada, fazia perguntas e ninguém me respondia.:-(
    A minha mãe só chorava. Depois apareceram lá em casa cinco mulheres amigas que choravam com ela (mulheres dos outros 5 que foram com ele). As seis foram a casa do Director da fábrica que não as atendeu, a seguir foram a Aveiro ao Governador Civil ao Dr. Vale Guimarães. Ele atendeu-as e transmitiu-lhes que eles estavam bem, em Coimbra, apenas para interrogatório. Uma delas da Vila de Vagos implorou de joelhos aos gritos que intercedesse por eles todos, que eram todos boas pessoas e que não eram contra o Governo. Ele tranquilizou-as dizendo que ia fazer alguma coisa.
    E lá estiveram 6 Meses em Coimbra na penitenciária. Eu visitava-o sempre todas as semanas, íamos de comboio ou de autocarro.
    Em Abril de 1974 o meu pai estava já doente na cama, mas ainda sorriu e viveu feliz aquele tempo que se seguiu.
    Logo a seguir foi publicado o livro 25 de Abril que lho li e ele já à beira do fim.
    Faleceu em Novembro desse ano, vítima de cancro.

    VIVI O 25 DE ABRIL DE 1974, NA ALTURA COM VINTE ANOS DE IDADE, COM UMA ALEGRIA EXTAZIANTE, NA ESPERANÇA QUE TUDO MUDASSE E FELIZ PORQUE O MEU PAI TAMBÉM ESTAVA, E ATÉ PENSEI QUE OS MÉDICOS ESTAVAM ENGANADOS PORQUE SENTI MELHORAS NA SUA DOENÇA.

    Estou neste momento a ouvir os nossos governantes na televisão e estou a chorar porque só ouço palavras mais nada.

    Os ricos estão mais ricos e os pobres ainda mais pobres.


    UM BOM FERIADO E VAMOS TER ESPERANÇA QUE TUDO MUDE

    Um beijinho muito grande minha querida amiga.

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  4. Céu
    Quero dizer-lhe quanto gostei das suas publicações sobre o 25 de Abril.
    O relato da Ana é impressionante. Parabéns para ela e para si.
    Só quero acrescentar um pequeno poema que acho de uma real actualidade:

    Que o poema seja microfone e fale
    uma noite destas de repente às três e tal
    para que a lua estoire e o sono estale
    e a gente acorde finalmente em Portugal.

    (Manuel Alegre)

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  5. Olá Ana boa tarde mereces um beijo e um abraço muito grande por nos contares esta história tão comovente que eu desconhecia por completo. Só conheço a do sr. Gravato, o tal de Vagos, que foi mais ou menos igual à do teu pai.Sabes amiga,
    houve grandes homens no passado que lutaram até à morte para que tivessemos um país livre. Fizeram o 25 de Abril, ok, mas o povo não estava preparado, não tinha formação para ter essa liberdade e no lugar dela, saiu libertinagem, é o que vemos no dia a dia. Quanto à justiça social, que tanto anseavamos, sem comentários, já disseste tudo. Teríamos muito a dizer amiga,
    claro que humanamente falando, precisavamos de outro 25 de Abril e este sem cravos...mas vamos esperar em Deus que Ele está por cima de tudo isto, porque Deus é que vai fazer a justiça correta, Ele diz na Biblia que "o que há-de vir virá e não tardará", por isso tenhamos esperança e demos graças a Deus pelo Pão nosso de cada dia e tanto mais que Ele nos dá, mesmo sem nós merecermos. Claro que eu também vejo o que todos nós vemos, mas não há homem nenhum que consiga pôr tudo no sítio.
    Beijinhos querida amiga
    Bom fim de semana e bom feriado

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  6. Olá Jorge, obrigada pela sua passagem e comentário ao meu blog.
    Adorei o poema do Manuel Alegre.
    Vamos esperar que ele deixe de ser só poeta e entre em acção, não é?
    Beijinhos e bom fim de semana e feriado

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  7. Bom dia, Mª do Céu!

    Estas suas publicações sobre o 25 de Abril estão muito boas. Parabéns, parabéns, parabéns!
    O relato da Ana emocionou-me até às lágrimas.
    Mas cá continuamos à espera dum verdadeiro Abril, não é verdade? A esperança é a última a morrer.
    Um beijinho muito grande, cheio de amizade e carinho para a senhora e seu mardo e votos de bom feriado.

    Milouska

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