25 de ABRIL de 2010

Hoje, à distância de 36 anos da revolução dos cravos, dou como sábias as palavras que alguém escreveu: "as revoluções são pensadas por idealistas, levadas a cabo por fanáticos e aproveitadas por toda a espécie de oportunistas".

É certo que a liberdade conquistada, permitiu que Portugal encontrasse o seu próprio destino e retomasse um caminho de progresso e desenvolvimento, que dizem ter sido atrasado 40 anos. Mas hoje, à distância de quase outro tanto tempo, sobram muitas desilusões conquistadas nesse histórico dia de Abril de 1974.

A liberdade hoje, está transformada em libertinagem.

O exercício do poder, seus tentáculos, oportunismo, corrupção e favoritismos, continuam piores, com a agravante de, exercídos de forma clara.

O povo, continua a ser o "pião das nicas" e a sua liberdade só serve para legitimar governos, governantes e políticos quase sempre incompetentes!

Já cantava o grande Zeca Afonso: "Eles comem tudo e não deixam nada"

Reconheço que nessa época da nossa história, havia medo. Medo da pide, medo do fantasma real da guerra e esse terá sido o "pecado capital" do regime, que afogou o país em mortes e adiou o progresso. Mas o povo, não tinha medo da insegurança, nós brincavamos alegres e sem medo nas ruas e nos pinhais. As portas das nossas casas e dos comércios, ficavam abertas durante o dia e até de noite. Hoje, temos medo de deixar sair as nossas crianças fora da porta e até as escolas deixaram de ser um exemplo de virtudes, educação e disciplina, para ser a "bandalheira" a que assistimos diáriamente.

Quem então trabalhava para ganhar o pão, hoje nem sempre tem trabalho para o ganhar, com a agravante de ter de pagar um conjunto de inútilidades e impostos para engordar os bancos, os senhores do grande capital e os cofres públicos.

Reconheço que a liberdade teve um preço demasiado caro e agora, vivemos mergulhados numa crise sem fim à vista! O desemprego, o endividamento e a pobreza extrema fustigam quase todas as famílias. A economia geral atinge valores idênticos aos dos anos 70.

A criminalidade, ligeira e violenta enche as páginas dos jornais e programas de TV. Os criminosos vivem e actuam sem medo de um sistema que os devia castigar severamente. Onde o povo desprotegido continua a ter de "pagar as favas". Onde quem tem dinheiro é que se defende, e onde quem tem "padrinhos" é que ocupa os melhores cargos e lugares.

Enfim... o povo continua unido, como se cantava nessa altura, mas unido no desfavorecimento, na insegurança, no desemprego e na incerteza, porque no resto continua dividido, porque as desigualdades que existiam antes do 25 de Abril de 1974, continuam a vigorar 36 anos depois.

Somos livres é certo, mas inseguros face ao presente, mas sobretudo face ao futuro, não tanto da minha geração, mas fundamentalmente dos nossos filhos e netos.

Mas eu quero acreditar que mesmo assim valeu a pena o 25 de Abril.
Tenhamos ESPERANÇA, porque  de facto é o que nos resta,  visto a  "ESPERANÇA ser a última a morrer".

Adaptação feita por mim a um texto retirado da internet.